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USOS DA ESTRICNINA

 

 

Atualmente, a estricnina possui pouco valor terapêutico. No entanto, esta substância é aplicada em alguns campos da investigação científica, tais como:

 

  • Farmacologia e toxicologia: a estricnina é um antagonista da glicina pois impede a ligação da glicina aos recetores nos quais atua. Assim, a estricnina é utilizada em ensaios de ligação de radioligandos e no estudo de recetores de glicina (Dutertre et al. 2012);

 

  • Química: a estricnina é uma base fraca e possui uma estrutura química quiral, o que permite a sua utilização na separação de misturas racémicas de ácidos orgânicos (Warning et al. 2007).

 

Até há poucos anos, a estricnina foi usada em comprimidos laxantes e tónicos, tendo provocado vários casos de envenenamento acidentais, especialmente em crianças (Warning et al. 2007). Também foi usada em formulações para veterinária nomeadamente como sedativo (Boyd et al. 1983).

As sementes de Strychnos nux vómica, árvore nativa da Índia, eram usadas no tratamento da indisposição, obstipação crónica e como estimulante do apetite (devido ao seu sabor amargo, estimula as glândulas salivares) (Warning et al. 2007).

Na Rússia, durante o século XIX, a estricnina era administrada a indivíduos alcoólicos para reduzir a vontade de beber (Warning et al. 2007).

A estricnina é ainda utilizada como pesticida para matar roedores, nomeadamente ratos e toupeiras. No entanto, esta utilização provoca uma exposição acidental de animais domésticos à estricnina, causando a morte destes (Warning et al. 2007).

Em Portugal, foi muito usada por alguns pastores para proteger o seu gado das alcateias, tendo causado a extinção de lobos em muitos locais (Álvares 2003).

 

 

REFERÊNCIAS:

Dutertre S, Becker CM, Betz H (2012) Inhibitory glycine receptors: an update. J Biol Chem 287(48):40216-23.

 

Warning RH, Steventon GB, Mitchel SC (2007) Strychnine Molecules of Death. 2nd edn. Imperial College Press, London, p 367-384.

 

Boyd RE, Brennan PT, Deng JF, Rochester DF, Spyker DA (1983) Strychnine poisoning. Recovery from profound lactic acidosis, hyperthermia, and rhabdomyolysis. Am J Med 74(3):507-12.

 

Álvares F (2003) O envenenamento ilegal e a agonia da fauna selvagem portuguesa Tribuna da Natureza. vol 14. FAPAS.

 

Trabalho realizado no âmbito da discilplina de Toxicologia Mecanística no ano lectivo 2014/2015 do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP).

Este trabalho tem a responsabilidade pedagógica e científica do Prof. Doutor Fernando Remião (remiao@ff.up.pt) do Laboratório de Toxicologia da FFUP.

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