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CASOS DE INTOXICAÇÃO

 

  • Envenenamento com veneno de toupeira

 

Um homem foi encontrado morto em casa sem quaisquer sinais físicos relevantes. Foram realizadas análises histopatológicas, as quais não revelaram qualquer anormalidade em nenhum órgão vital. No entanto, a equipa médica descobriu que o suco gástrico do paciente era abundante e estava corado de azul. Fizeram análises por cromatografia gasosa e identificaram a estricnina numa concentração de 0,29 µg/L no sangue e de 12,2 µg/L no conteúdo gástrico. Este facto, associado à coloração azul do suco gástrico, permitiu concluir que o envenenamento tinha sido causado pela ingestão de Taupicine®. Este veneno para toupeiras inclui o corante azul de metileno para conferir uma cor forte, a fim evitar acidentes como este (Prat et al. 2015)

 

               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Envenenamento com um remédio tradicional da Cambodja

               

Uma mulher de 58 anos deu entrada no Serviço de Urgência do Saint Joseph’s Hospital, em Massachustetts com tonturas e dores musculares no abdómen e nas pernas após uma convulsão consciente. Estes sintomas iniciaram-se pouco tempo depois de a paciente ter ingerido um remédio designado “Slang Nut” que, na verdade, corresponde ao fruto da espécie Strychnos nux-vomica. As amostras do fruto foram enviadas para análise por Cromatografia em Camada Fina, tendo este método analítico revelado a presença de estricnina. Nas análises sanguíneas efetuadas no hospital, a paciente registou uma concentração plasmática de lactato de 3,8mEq/L (valores de referência: 0,5 a 1,6mEq/L), o que resultou do intenso esforço muscular. A paciente teve alta após 5 dias de internamento, não tendo necessitado de qualquer terapia anticonvulsionante (Katz et al. 1996).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

               

 

 

  • Caso de tentativa de suicídio: A evolução natural de um caso não fatal

 

Um homem de 68 anos deu entrada no Hospital Geral de Tokio com dores fortes no peito, extremo desconforto, nistagmo e espasmos nos músculos abdominais. Para além disso, qualquer estímulo desencadeava fortes convulsões e muitas dores ao paciente. Os exames realizados afastaram as possibilidades de diagnóstico de enfarte agudo do miocárdio e aneurisma dissecante. De entre as análises laboratoriais, destacava-se o elevado nível plasmático de Creatina Cinase que registava 760U/L. Só no dia seguinte o paciente revelou à equipa médica que se tinha tentado suicidar através da ingestão de estricnina.  Não foi efetuada lavagem gástrica pois os sintomas começaram gradualmente a desaparecer. Ao fim do 2º dia de internamento, os movimentos anómalos das extremidades superiores começaram a desaparecer e no dia seguinte já não apresentava nistagmo. O paciente já conseguia manter-se de pé no dia 4 e no dia 7 já conseguia andar. A equipa decidiu dar-lhe alta no dia 10. A temperatura máxima atingida durante o internamento foi de 37,6ºC (Nishiyama and Nagase 1995).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS:

Prat S, Hoizey G, Lefrancq T, Saint-Martin P (2015) An unusual case of strychnine poisoning. J Forensic Sci 60(3):816-817.

 

Katz J, Prescott K, Woolf AD (1996) Strychnine poisoning from a cambodian traditional remedy. The American Journal of Emergency Medicine 14(5):475-477.

 

Nishiyama T, Nagase M (1995) Strychnine poisoning: Natural course of a nonfatal case. The American Journal of Emergency Medicine 13(2):172-173.

Toupeira

Frutos de Strychnos nux vomica

Veneno de estricnina

Trabalho realizado no âmbito da discilplina de Toxicologia Mecanística no ano lectivo 2014/2015 do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP).

Este trabalho tem a responsabilidade pedagógica e científica do Prof. Doutor Fernando Remião (remiao@ff.up.pt) do Laboratório de Toxicologia da FFUP.

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